Sobre as Princesas Disney

maio 28, 2013 at 9:26 pm (aleatorias)

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Diariamente eu faço leitura de artigos e matérias em blogs feministas. Quem acompanha o Blog aqui deve ter notado minha tendência a discutir esse tema, quem me tem em rede social já deve estar de saco cheio disso, mas enfim.

Eu leio constantemente para ter embasamento no que falo, não quero ser uma dessas pessoas babacas que diz ser contra ou a favor disso e daqui sem fazer ideia do que se trata. E uma forma bem resumida de explicar feminismo é: Um movimento que busca a igualdade de gêneros e quebra de estereótipos. Homens e mulheres devem ter o mesmo peso na sociedade e não há um conjunto de comportamentos que defina que você é homem ou mulher, todo mundo tem liberdade pra gostar e fazer aquilo que se sente mais confortável.

A questão é que estava lendo um artigo publicado na Galileu sobre uma tese que fala como as princesas Disney estigmatizam as mulheres ainda na infância. Do modo que a reportagem foi feita dá a entender que as princesas Disney reforça a ideia de que mulher precisa ser magra, delicada, frágil, sempre super arrumada ou nunca vai conseguir o homem dos seus sonho para encontrar a felicidade eterna.

E começo a me perguntar se as pessoas tem assistido os mesmos desenhos Disney que eu? Tudo bem que as três primeiras princesas Disney representam a frágil donzela que fica esperando o resgate feito pelo príncipe encantando, mas são filmes feitos entre os anos de 1937 a 1959.

Agora pegando as produções Disney iniciadas em 1989, ano de lançamento de A Pequena Sereia, esse conceito todo foi modificado. Ariel deu inicio a um novo tipo de princesa, aquela que é dona do próprio destino. Ariel vai atrás daquilo que quer, mesmo que para isso tenha de desobedecer a figura paterna, certo que fez besteira ao fazer um acordo com a Ursula, no entanto no final ela concerta e fica tudo certinho.

A Bela, de A Bela e a Fera, primeiro de tudo que ela é uma garota das letras, sempre a favor do conhecimento, depois que ela vai contra o vilão ultra machista que é o Gastão e ainda quebra estereótipos de beleza por que se apaixona por uma Fera. Jasmin, uma das minhas princesas favoritas e que foi meu exemplo durante a primeira infância, ela não quer casar e se recusa a fazer isso apenas para agradar o pai e obedecer uma estupida lei. Ela muda de ideia apenas quando se apaixona.

Pocahontas, filme onde há o primeiro casal inter-racial da Disney, novamente uma figura feminina que contraria a figura patriarcal por não concordar com suas ideias. Mulan, Tem figura que quebra mais estereótipos de gênero que ela? Numa cultura exageradamente machista ela fez o imperador se curva diante dela ao salvar a China. Recentemente temos Tiana, o exemplo de mulher moderna que cresce pelos próprios méritos, e Merida do filme Valente.

E mesmo que não seja uma protagonista de um filme Disney, Megara do filme Hercules. Eu nunca vou esquecer quando vi a primeira vez a animação e Hercules querendo bancar o herói e resgata-la ela responde: Sim, eu sou uma donzela e eu estou em apuros, mas eu consigo me resolver sozinha bonitão.

Eu cresci com esses exemplos, a Disney me ensinou a não aceitar o conformismo das coisas serem como já são. Se eu sou chata, briguenta e defendo cada ideia minha com força é por que em partes eu aprendi vendo isso na Disney. Eu não fui ensinada a ficar passivamente esperando um príncipe encantador ser a solução dos meus problemas. E mesmo as amigas que se dizem não feministas também não ficam sentadas esperando o resgate chegar.

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Sobre o Efeito Jolie

maio 19, 2013 at 7:51 pm (aleatorias)

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Pipocou de texto sobre Angelina Jolie e sua escolha de fazer uma mastectomia preventiva. Não irei fazer aqui uma tradução do artigo completo que a atriz escreveu para o New York Times, mas um resumo simples dos fatos.

Angelina Jolie é portadora de um uma mutação genética que aumenta as possibilidades de ter câncer. A mãe da atriz faleceu devido a doença e ela resolveu usar o dinheiro que tem para pesquisar quais as chances de ter a mesma doença que matou sua mãe. O resultado que ela descobriu ter 87% de chance de no futuro apresentar câncer de mama e 50% de apresentar câncer de ovário.

Sabendo disso ela discutiu com médicos e com seu marido qual seria a melhor escolha a se tomar e optou por fazer uma dupla mastectomia preventiva. Retirou os seios e colocou próteses no lugar. É possível que num futuro ela também faça retirada do útero.

O rebuliço todo está no fato dela ter retirado os seios, inúmeros comentários em redes sociais e textos surgiram contrariando a atitude da atriz. Que ela foi precipitada, que ela retirou dois saudáveis seios, houve gente com o disparate de dizer que só fez isso para chamar a atenção.

Vamos começar que Jolie não precisa de nada além da sua existência para chamar a atenção. E para aqueles que acham que ela poderia se prevenir, entendam que a cirurgia é a única forma efetiva de prevenção, exames periódicos não evitam que o câncer surja, eles apenas diagnosticam a doença cedo aumentando as chances de cura, mas não retiram todo o estresse emocional que uma luta contra o câncer acarreta.

Angelina Jolie ficou livre da chance de ter câncer? Não, mas 5% é uma porcentagem baixa, acredito que seja o risco que qualquer pessoa normal tenha de desenvolver a doença, agora 87% é um numero muito alto para se correr o risco.

Eu tive dois avôs e uma avó que faleceram por câncer. Minha mãe aos 42 anos morreu com uma semana de internação, uma semana. Você ver a pessoa mais importante da sua vida definhar e sofrer na sua frente é infelizmente uma imagem que não se esquece nunca. E eu não vivo um terço do período que Angelina teve que viver vendo a mãe lutar contra o câncer.

O pior de tudo é que a base por traz de todos os comentários negativos é uma só, o machismo. É inconcebível que sejam retirados seios que podem ser perfeitamente admirados pelos homens. Quem se importa se isso significa a morta de alguém, ela que trate a doença quando aparecer. Se fosse um homem ele seria indiscutivelmente um herói, um exemplo, mas é uma mulher retirando seus seios.

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